…And these atomic bombs which science burst upon the world that night were strange even to the men who used them.
H. G. Wells, The World Set Free, 1914
As armas nucleares são, sem sobra de dúvida, a mais destrutiva das tecnologias alguma vez concebidas pelo homem. O potencial destrutivo contido até no mais pequeno dos dispositivos nucleares é suficiente para causar danos significativos, tanto no plano imediato, como a longo prazo.
A necessidade é a mãe da invenção, afirmou Platão, na sua República. Nos nossos dias, o leitor pode cruzar diversas estradas europeias, e vislumbrar pelo percurso algumas das imponentes torres de arrefecimento, pertencentes a centrais de energia eléctrica, que usam reactores nucleares como fonte de calor. Mas, na verdade, os primeiros esforços para libertar o poder existente no átomo foram fruto do medo. Medo que os Estados Unidos nutriam relativamente aos esforços empreendidos pela Alemanha Nazi no sentido de desenvolver armas nucleares. Foi neste espírito de medo que se deu inicio ao desenvolvimento das primeiras armas nucleares da história, liderado por uma equipa multinacional, e que culminaria no bombardeamento atómico de Hiroshima e Nagasaki.
Desde o dia em que a fissão nuclear foi descoberta pela humanidade, em 1938, que surgiram várias promessas, que seriam repetidas pelos lábios dos lideres de vários Estados. Uma descoberta efectuada no seio de um mundo confuso, prestes a convergir num dos maiores conflitos armados da humanidade, que tornou possível a concretização de príncipios teóricos numa realidade aterradora, no dia 6 de Agosto de 1945, com o bombardeamento de Hiroshima, por parte dos Estados Unidos.
A União Soviética, emergente da II Guerra Mundial enquanto superpotência económica e militar, seguiu rapidamente na senda dos Estados Unidos, empreendendo esforços científicos e de espionagem, que culminariam no primeiro teste atómico soviético, em 1949.
A arma nuclear adquiriu um papel importante durante a Guerra Fria, com as duas superpotências a manipular o poder do átomo enquanto elemento dissuasor. Com o advento de tecnologia fiável de propulsão, surgiu a possibilidade de, quase sem aviso prévio, bombardear qualquer ponto no globo. Este facto deu origem à Teoria da Destruição Mútua, uma forma de Equilíbrio de Nash que colocava ambas as potências em xeque, obrigando-as a considerar extensivamente qualquer ataque nuclear e as suas implicações óbvias – retaliação massiva por parte do oponente, resultando em aniquilação nuclear.