Archive for the ‘Dossier’ Category

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Armas Nucleares: Introdução

22 Janeiro, 2007

…And these atomic bombs which science burst upon the world that night were strange even to the men who used them.

H. G. Wells, The World Set Free, 1914

 

As armas nucleares são, sem sobra de dúvida, a mais destrutiva das tecnologias alguma vez concebidas pelo homem. O potencial destrutivo contido até no mais pequeno dos dispositivos nucleares é suficiente para causar danos significativos, tanto no plano imediato, como a longo prazo.

 

A necessidade é a mãe da invenção, afirmou Platão, na sua República. Nos nossos dias, o leitor pode cruzar diversas estradas europeias, e vislumbrar pelo percurso algumas das imponentes torres de arrefecimento, pertencentes a centrais de energia eléctrica, que usam reactores nucleares como fonte de calor. Mas, na verdade, os primeiros esforços para libertar o poder existente no átomo foram fruto do medo. Medo que os Estados Unidos nutriam relativamente aos esforços empreendidos pela Alemanha Nazi no sentido de desenvolver armas nucleares. Foi neste espírito de medo que se deu inicio ao desenvolvimento das primeiras armas nucleares da história, liderado por uma equipa multinacional, e que culminaria no bombardeamento atómico de Hiroshima e Nagasaki.

 

Desde o dia em que a fissão nuclear foi descoberta pela humanidade, em 1938, que surgiram várias promessas, que seriam repetidas pelos lábios dos lideres de vários Estados. Uma descoberta efectuada no seio de um mundo confuso, prestes a convergir num dos maiores conflitos armados da humanidade, que tornou possível a concretização de príncipios teóricos numa realidade aterradora, no dia 6 de Agosto de 1945, com o bombardeamento de Hiroshima, por parte dos Estados Unidos.

A União Soviética, emergente da II Guerra Mundial enquanto superpotência económica e militar, seguiu rapidamente na senda dos Estados Unidos, empreendendo esforços científicos e de espionagem, que culminariam no primeiro teste atómico soviético, em 1949.

A arma nuclear adquiriu um papel importante durante a Guerra Fria, com as duas superpotências a manipular o poder do átomo enquanto elemento dissuasor. Com o advento de tecnologia fiável de propulsão, surgiu a possibilidade de, quase sem aviso prévio, bombardear qualquer ponto no globo. Este facto deu origem à Teoria da Destruição Mútua, uma forma de Equilíbrio de Nash que colocava ambas as potências em xeque, obrigando-as a considerar extensivamente qualquer ataque nuclear e as suas implicações óbvias – retaliação massiva por parte do oponente, resultando em aniquilação nuclear.

 

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Dossier: Armas Nucleares

21 Janeiro, 2007

A nuclear weapon is a weapon which derives its destructive force from nuclear reactions of fission or fusion. As a result, even a nuclear weapon with a small yield is significantly more powerful than the largest conventional explosives, and a single weapon is capable of destroying an entire city.

Wikipedia: Nuclear Weapon

 

 

Inicia-se neste post o dossier sobre o armamento nuclear. Com o avanço dos ponteiros do famigerado Doomsday Clock até à alarmante posição dos 5 minutos para a meia noite, não existe ocasião mais propícia para iniciar o dossier sobre a tecnologia bélica mais destrutiva que alguma vez concebida pela humanidade.

Este dossier tem como objectivo principal disponibilizar uma fonte de informação sobre a vertente bélica da tecnologia nuclear, aos níveis técnico e histórico, assim como tecer algumas críticas ás medidas promulgadas por alguns governos, que desejam ignorar uma das mais dolorosas lições que a humanidade alguma vez aprendeu, em troca de poder e falsa segurança.

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Armas Nucleares

4 Janeiro, 2007

 

 

A bomba atómica fascina-me. É representativa da habilidade e compreensão da natureza que o ser humano adquiriu, fruto de séculos de pequenas vitórias sobre os paradigmas das sociedades cuja inércia alimenta a manutenção do status quo. Quando as correntes espirituais deixaram de restringir a mente, e esta foi livre de voar, subitamente todas as vitórias se transformam em monstruosas revelações. O brilho ofuscante que guiou o homem até ao seu presente estado de desenvolvimento deu origem a um monstro capaz de sugar e absorver cada raio luminoso, libertando-a furiosamente nas manifestações titânicas da habilidade conjugada com a malícia dos homens. Por breves momentos, o Sol faz a sua aparição na Terra, dizimando os que se encontram no seu berço, e deixando as suas marcas nos poucos sobreviventes, que um dia irão desejar ter sucumbido à devastação inicial.

 

Na verdade, é o fenómeno contido na bomba que me fascina, e não a bomba em si. A reacção que ocorre durante a fusão nuclear é a mesma que permite a vida tal como a conhecemos. O Sol brilha através da fusão nuclear. Mas quando o poder que sustém a vida cai na mão do Homem, transforma-se na morte em potencial. E é essa morte que enfrentamos e que pende sobre nós, que se encontra na mão de políticos sem escrúpulos, e que poderá ser libertado a qualquer segundo, derivado do desentendimento entre duas diplomacias. E é isso que me causa repulsa. A manipulação da natureza na sua forma mais pura para distribuir a morte. A bomba atómica, ou a reacção potenciada pelo dispositivo, não é a arma mais potente da humanidade. A malícia humana é, e sempre o foi. Antes da bomba atómica, a Primeira Guerra Mundial mostrou quão vis as manifestações da natureza humana se podem tornar.

 

 

O Whys and Wherefores irá elaborar, brevemente, um dossier sobre a problemática nuclear. O objectivo: disponibilizar uma fonte de informação concisa ao público.